O que fica de nós para além de nós?
-Não sei, diz ele
-Realmente não sei.
-Fica o que dei.
Sim. Fica e fica muito mais do que a certeza da morte, da morte entre as árvores, acima da terra, entre as nuvens de um ar rarefeito. Fica o sonho concretizado de uma viagem austral. De gatos brincalhões num pátio de uma residencial qualquer num fim do mundo perdido entre estradas e caminhos remotos.
Ficam os dias de sorrisos abertos, de cabelos ondulados penteados com os dedos. Ficam as tardes de sol, os livros na mesa, o café, o maço de cigarros partilhado.
Ficam palavras. Gestos. Outra vez os sorrisos. Ficam os desenhos e os poemas que davas, assim, -Pega: é teu, faz dele o que quiseres.
Não me morreste. Vives. Continuas viva em mim e em todos. Continuo a encontrar-te dentro de mim. Em nós.
E o escritor lá vai dizendo , não sei, fica o que dei.
E tu, deste tanto e não sabiamos que o fazias.
1 comment:
para a próxima não vou querer perder uma conversa com ele!
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