Friday, August 17, 2007


“Chego amanhã! Ainda estou em Lisboa
Depois ligo-te.”
Nunca mais chegaste. Até mim.
Perdi-te. Nunca mais te vi
Fazes-me falta.
E a todos os outros

E pergunto-me
Que raio de amizade é esta?
Cresceu comigo, como me cresceram as pernas e os braços,
São como as rugas, como os cabelos brancos que não disfarçamos
Como os dias de festa que festejamos.
Como as datas no calendário marcadas a lápis.
Nunca nos esquecemos dos amigos que ficaram
em cidades que nunca visitamos. Que partiram em aviões
Que viram nuvens, rios e mares.
Nunca nos esquecemos dos amigos
que se sentaram naquela mesa lá de casa
Não me esqueço dos meus amigos no dia em que fiz 18 anos.
Dos que estiveram comigo quando perdi a esperança
Quem são os meus amigos?
O que os torna próximos
A ausência? A presença?
A mesa de um café qualquer?
Quantos dias são precisos para afirmar os amigos?
Para dizer, sim é meu amigo!
É preciso um papel? Passar um requerimento? Há uma validade qualquer estampada
num abraço ou num afago, na última chamada telefónica,
na carta ou no postal enviado pela altura de um Natal qualquer
Não me digam que não conheço as pessoas. Pouco me importa.
Só eu sei o que as torna especiais. Diferentes. Importantes. Únicas

E se és meu amigo, diz-me, o que te torna meu?

Para a Cláudia, ainda aqui estavas há um ano

2 comments:

ana c. said...

isto é forte.
tens aqui muita pergunta que não pode ter resposta.
a amizade é tão complexa quanto o amor, ou não fosse ela, a expressão máxima do mesmo (no meu ponto de vista).
e na amizade não há "meu" nem "teu". por isso, nem sempre há regressos...

Mary said...

adivinhas a inquietação? às vezes são confrontada com isto. com as perguntas estranhas dos amigos dos outros...onde começam os afectos? os elos? e só me lembro do O'Neill: mal nos conhecíamos e logo inauguramos a palavra amigo. desde sempre. eu sou assim como este poeta alexandre.